sábado, 18 de fevereiro de 2017

limite

limite

morro sempre
mato-me
invento raízes
libertas da carne

ressuscito argila
de olhos úmidos
em órbitas vazias

cansa ser
morte
viver a vida
no breu

na solidão do outro
o encontro da  terra
dada por gentileza

mortos em mim
ressuscitam
no medo
guiados pela carne
aflita

teço teias
adentro bosques
levo mar e aves
com riso aberto

ser penitência
brasa
espinho
no secreto
consumir
da própria chama

existir estranha lavra
sem sonhar eternidade
tatear sombras
no amor reservado

mirabolantes
afetos imprecisos
ser  tomada
possuída

cubro-me
no peso do
limite da carne

Hilda Helena Dias

Foto: Sebastião Salgado

Serra Pelada, 1986

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