sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
sábado, 18 de fevereiro de 2017
limite
limite
morro sempre
mato-me
invento raízes
libertas da carne
ressuscito argila
de olhos úmidos
em órbitas vazias
cansa ser
morte
viver a vida
no breu
na solidão do outro
o encontro da terra
dada por gentileza
mortos em mim
ressuscitam
no medo
guiados pela carne
aflita
teço teias
adentro bosques
levo mar e aves
com riso aberto
ser penitência
brasa
espinho
no secreto
consumir
da própria chama
existir estranha lavra
sem sonhar eternidade
tatear sombras
no amor reservado
mirabolantes
afetos imprecisos
ser tomada
possuída
cubro-me
no peso do
limite da carne
Hilda Helena Dias
Foto: Sebastião Salgado
Serra Pelada, 1986
morro sempre
mato-me
invento raízes
libertas da carne
ressuscito argila
de olhos úmidos
em órbitas vazias
cansa ser
morte
viver a vida
no breu
na solidão do outro
o encontro da terra
dada por gentileza
mortos em mim
ressuscitam
no medo
guiados pela carne
aflita
teço teias
adentro bosques
levo mar e aves
com riso aberto
ser penitência
brasa
espinho
no secreto
consumir
da própria chama
existir estranha lavra
sem sonhar eternidade
tatear sombras
no amor reservado
mirabolantes
afetos imprecisos
ser tomada
possuída
cubro-me
no peso do
limite da carne
Hilda Helena Dias
Foto: Sebastião Salgado
Serra Pelada, 1986
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
domingo, 12 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
#alagunas GATILHO9
Gatilho pretende ser uma arma apontada de volta. Não só na cabeça, mas nos sentidos, na história, nas certezas, nos tipos que constituem o nosso Real e nos torna servos voluntários.
Contribuem para a edição: || Alberto Lins Caldas || Bárbara Bento || Bruna Wanderley Pereira || Carla Andressa || Cid Brasil || Fátima Costa || Felipe Soares || Gabriele Rosa || Geovanne Otavio Ursulino || Guilherme Ramos || Gustavo Petter || Henrique Pitt || Hilda Helena Dias || Iriwelton Caetano || Laís Araruna || Leonardo Viana || Lucas Litrento || Luna Salazar || Nayara Fernandes || Paulo César Moreira || Rubens Jardim || Sara Albuquerque || Sérgio Prado Moura ||
Acesse pelo link:
alagunas.com/gatilho
Contribuem para a edição: || Alberto Lins Caldas || Bárbara Bento || Bruna Wanderley Pereira || Carla Andressa || Cid Brasil || Fátima Costa || Felipe Soares || Gabriele Rosa || Geovanne Otavio Ursulino || Guilherme Ramos || Gustavo Petter || Henrique Pitt || Hilda Helena Dias || Iriwelton Caetano || Laís Araruna || Leonardo Viana || Lucas Litrento || Luna Salazar || Nayara Fernandes || Paulo César Moreira || Rubens Jardim || Sara Albuquerque || Sérgio Prado Moura ||
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alagunas.com/gatilho
o monstro
o monstro
tensa
mergulho no
gozo momento
sorvo as horas
embriagada pelo
sangue
em minha veia
nada digo
não quero dizer
penso de dentro
entre fumaças
respiro
todo meu
eu
escancara pelo
corpo a
consciência
vejo o antes e
depois
iludo-me
de nada ser e
nem continuar
a ser nada
o ser em mim
luta com
a monstruosidade de
nada ser
de repente o
silêncio
minha língua
viva e monstruosa
de ser o horror
me fere
serei obstruído
do real
doente
não digo
que nada significo
recuso-me a falar
mergulho e falo de
dentro das dobras
que sou feita de
carne
contra todos
os contras
enlouqueço
supero-me
com a cabeça sangrando
não escapo de
mim
enfrento-me
sou um arsenal
em um corpo
disposto.
Hilda Helena Dias
tensa
mergulho no
gozo momento
sorvo as horas
embriagada pelo
sangue
em minha veia
nada digo
não quero dizer
penso de dentro
entre fumaças
respiro
todo meu
eu
escancara pelo
corpo a
consciência
vejo o antes e
depois
iludo-me
de nada ser e
nem continuar
a ser nada
o ser em mim
luta com
a monstruosidade de
nada ser
de repente o
silêncio
minha língua
viva e monstruosa
de ser o horror
me fere
serei obstruído
do real
doente
não digo
que nada significo
recuso-me a falar
mergulho e falo de
dentro das dobras
que sou feita de
carne
contra todos
os contras
enlouqueço
supero-me
com a cabeça sangrando
não escapo de
mim
enfrento-me
sou um arsenal
em um corpo
disposto.
Hilda Helena Dias
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
sábado, 14 de janeiro de 2017
perfeição
perfeição
a navalha não cansa
múltiplas imagens refletidas
descaminhos
esquinas
mistérios não domados
a arma branca não se
submete
não se extermina
é disfarce
forma monopolista sem
representação
o aço intimida fixo
com a delicadeza gélida
disfarce bárbaro limpo
como ceder-te em gêneros
uma experiência
uma designação?
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
há de vir
Há de vir
virá o todo-poderoso
sombra corrosiva
respirando meu miolo
na torcida pétala
de carne
o que há dentro
será arrancado pelos
dentes do tigre
com lâminas o obscuro será
desenhado em sangue rosado
filtrado da veia explosiva
ao vento
longe da masmorra
me verei toda nua
em círculos intensos
aspirando e vomitando
amores além da medida.
Hilda Helena Dias
virá o todo-poderoso
sombra corrosiva
respirando meu miolo
na torcida pétala
de carne
o que há dentro
será arrancado pelos
dentes do tigre
com lâminas o obscuro será
desenhado em sangue rosado
filtrado da veia explosiva
ao vento
longe da masmorra
me verei toda nua
em círculos intensos
aspirando e vomitando
amores além da medida.
Hilda Helena Dias
indiferente à sorte
Indiferente à sorte
sou poeira vazia
que não cabe dentro de mim
a alma vazia reside no pó
sonho resíduos dos sonhos
do outro
com arame farpado
nas costas
a teia das sombras
não me guarda
sangro meus passos
cega de tanto olhar para mim
afogada no cansaço
da infinita procura
durmo humana
no desenho do nada
mato minha sede
sem saber quem sou
o meu nome será gritado
na ausência do corpo que
me sustenta
devorada sem dentes
contra a vontade
na fúria desordenada
deixarei de ser humana
na luz sem juízo da vida
a razão pulsa
diante de ser barro
desapareço na loucura da
noite negra
dona de um prazer breve
canto
a alma na moldura é
indiferente
no contrastes das luzes
o sangue é lambido
o mundo que sei
é o que tenho
conhecer-me no depois
é promessa magra
sentida na delícia do nu
na fome do todo eu
seduzida pelo finito gasto
me retalho
gasto-me no nada
o nada fica pesado com os
pensamentos comidos.
feita de carne
sangro
deixo-me amar
Hilda Helena Dias
sou poeira vazia
que não cabe dentro de mim
a alma vazia reside no pó
sonho resíduos dos sonhos
do outro
com arame farpado
nas costas
a teia das sombras
não me guarda
sangro meus passos
cega de tanto olhar para mim
afogada no cansaço
da infinita procura
durmo humana
no desenho do nada
mato minha sede
sem saber quem sou
o meu nome será gritado
na ausência do corpo que
me sustenta
devorada sem dentes
contra a vontade
na fúria desordenada
deixarei de ser humana
na luz sem juízo da vida
a razão pulsa
diante de ser barro
desapareço na loucura da
noite negra
dona de um prazer breve
canto
a alma na moldura é
indiferente
no contrastes das luzes
o sangue é lambido
o mundo que sei
é o que tenho
conhecer-me no depois
é promessa magra
sentida na delícia do nu
na fome do todo eu
seduzida pelo finito gasto
me retalho
gasto-me no nada
o nada fica pesado com os
pensamentos comidos.
feita de carne
sangro
deixo-me amar
Hilda Helena Dias
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
corpos revelados
corpos revelados
com fome nos comerão
somos vício escuro da Terra
clareando o nada
no desejo da eternidade
diante do nada
brinco com o medo no exílio
de encontros de perguntas
esquecendo da prisão
dos ossos possuídos
em neblina me canto
antes de ser pó
flutuo sobre a Grande Face
o amor juntando vazios
revela corpos raros .
Hilda Helena Dias
Arte: Ludovic Florent
com fome nos comerão
somos vício escuro da Terra
clareando o nada
no desejo da eternidade
diante do nada
brinco com o medo no exílio
de encontros de perguntas
esquecendo da prisão
dos ossos possuídos
em neblina me canto
antes de ser pó
flutuo sobre a Grande Face
o amor juntando vazios
revela corpos raros .
Hilda Helena Dias
Arte: Ludovic Florent
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
crepúsculo do louco
crepúsculo do louco
num tempo de entardecer
ouvi o som indecifrável
de um louco
falava da língua molhada
da Terra
moldando sua carne a
minha
e jurava ser eu o Paraíso
ao seu toque inatingível
gritei sustentando
a própria vida
raízes de ninguém
saiam dele
na eternidade das luas
eram minhas
na volúpia dos corpos
celebrei o outro
entendendo ser eu .
Hilda Helena Dias
domingo, 8 de janeiro de 2017
sábado, 7 de janeiro de 2017
morte encarnada
morte encarnada
a carne que apodrece
deseja amor
sem o fim
com a fome de um
inquietante cardume
alimento-me de vidas
que não terei depois
deitado no breu
velo o coração
de Deus
o corpo de sonhos
deseja a morte da noite
encarnar a manhã
obsessão
lavar-me na manhã
das águas não bebidas
Hilda Helena Dias
Arte: Thomas Eakins
a carne que apodrece
deseja amor
sem o fim
com a fome de um
inquietante cardume
alimento-me de vidas
que não terei depois
deitado no breu
velo o coração
de Deus
o corpo de sonhos
deseja a morte da noite
encarnar a manhã
obsessão
lavar-me na manhã
das águas não bebidas
Hilda Helena Dias
Arte: Thomas Eakins
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
grande coisa encoberta
grande coisa encoberta
mortos desenterrados
acordaram belos
torcidos das flores
depositadas nas covas
sem nada dentro
mortos ressuscitados
com carne limpa
nus se alegravam
o tempo
construído em casas
de pedras
passava sem vestígios
carnes ao vento
no sol
queriam sombra.
Hilda Helena Dias
Arte: William Blake
mortos desenterrados
acordaram belos
torcidos das flores
depositadas nas covas
sem nada dentro
mortos ressuscitados
com carne limpa
nus se alegravam
o tempo
construído em casas
de pedras
passava sem vestígios
carnes ao vento
no sol
queriam sombra.
Hilda Helena Dias
Arte: William Blake
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
podada
podada
aparecerão anjos
depois da morte?
algum deles pronunciará
meu nome?
alguém me carregará
morta em seus braços?
carregará meu amor?
carregar-me-ão por
vaidade
me perderei
sem dizer meu nome
sem ter meus olhos
a vida se fechará para mim
meu dedo
não suportará o anel
o ouro será recolhido
pelo coveiro em outra
estação
ganho vida perdendo-me
na cena
depois de muitas podas
a vida me joga fora.
Hilda Helena Dias
Arte:William Blake
aparecerão anjos
depois da morte?
algum deles pronunciará
meu nome?
alguém me carregará
morta em seus braços?
carregará meu amor?
carregar-me-ão por
vaidade
me perderei
sem dizer meu nome
sem ter meus olhos
a vida se fechará para mim
meu dedo
não suportará o anel
o ouro será recolhido
pelo coveiro em outra
estação
ganho vida perdendo-me
na cena
depois de muitas podas
a vida me joga fora.
Hilda Helena Dias
Arte:William Blake
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
acabamento
acabamento
nada sei da minha
totalidade
ainda no ventre
antes do amor
existir
caminho pra sepultura
o buraco
que engole
meu caminho
me faz rir
em guerra com
a vida
o mistério
deito com
verdades e
vazios
pés
corpo
me seguram viva
enquanto devo ir
a alma é louca
desperdício de
emoções desmedidas
um som de
treva invadirá
a luz
sozinha escurecerei
perco-me na Terra
sendo luz
na cegueira silenciosa
sinto meu passo
inteligível
morta serei inteira
acabada
fiel ao que fui pensada.
Hilda Helena Dias
Fotografia: Arô Ribeiro
nada sei da minha
totalidade
ainda no ventre
antes do amor
existir
caminho pra sepultura
o buraco
que engole
meu caminho
me faz rir
em guerra com
a vida
o mistério
deito com
verdades e
vazios
pés
corpo
me seguram viva
enquanto devo ir
a alma é louca
desperdício de
emoções desmedidas
um som de
treva invadirá
a luz
sozinha escurecerei
perco-me na Terra
sendo luz
na cegueira silenciosa
sinto meu passo
inteligível
morta serei inteira
acabada
fiel ao que fui pensada.
Hilda Helena Dias
Fotografia: Arô Ribeiro
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