quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Ondas

ondas

dentro do
organizado mar
olhares vêem
a vida profunda
sem falhas

tudo vive
ninguém navega
por lá
circulamos o sonho
nada mais é urgente

de nós nos alimentamos
a loucura sustenta asas
a água liberta
nos dissolve

nos embriagamos
intensamente
sem precisar
nascer outra vez

Hilda Helena Dias

domingo, 20 de novembro de 2016

Pelados

pelados

imundamente nus
na totalidade
da febre apocalíptica

nus no íntimo
gritam lixo
sem nobreza

ossos nus
na impraticável
verdade.

Hilda Helena Dias

...foto enviada pelo meu amigo Luciano Oliveira

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Retirada

retirada

no deserto estreito
corpos perdidos
sem armas
são  espremidos

no horror
do deserto
tudo treme
faz doer

envolvidos
na guerra
sem dimensão
corpos dis-postos
contra o mundo

migalhas é o q tenho
a fome de todos
é maior q a minha

bebo o oásis
da noite
a loucura  é
dobrada

o deserto cede
a vida some.



Hilda Helena Dias

domingo, 13 de novembro de 2016

Abissais

abissais

corpos no
compasso do
sangue
mergulham na
profundeza

de águas densas
precisam os
bioluminescentes.

Hilda Helena Dias

sábado, 5 de novembro de 2016

A imagem.

A imagem

dei a vida
um espelho

a vida límpida
viva e muda
se via
no espelho puro

nada
o nada.





Hilda Helena Dias

Palavra perdida

Palavra perdida

a nudez
esconde formas
evidentes
de um corpo
vendido

sentidos articulados
vendem o sangue
no mercado

no silêncio ininterrupto
uma palavra nunca
dita
fica perdida na
cabeça sem língua
apoiada no escuro.

Hilda Helena Dias