sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Anúncio da sentença

anúncio da sentença

palavras negras
nos manhãs
tardes e
noites
ressuscitam pela
morte
minha sentença

de minha boca
verdades despidas e
respirando  sombras
renascem fios

anjos descem
para nadar
na ondulação
minha última
palavra errrante
anuncia meu julgamento.

Hilda Helena Dias

PHALLUS
Performance for Camera
Ana Montenegro and Bárbara Cunha, collaboration
São Paulo, SP, 2016

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Canta o morto

canta o morto

a voz adormecida
liberta  o canto
do exílio

ossos e carne
nas mãos do
executor

homens mortos
saciam o
dono que se
orgulha do breve
NADA ser o senhor.

Hilda Helena Dias
Foto: Arô Ribeiro

domingo, 18 de setembro de 2016

Arcabouço

😎😎😎...

arcabouço

entre paredes
o canto
encanta o
sentir

mitos
aquecem
quem só
se despoja

na solidão
delírio  sonha
medo
alma canta
palavras não
escolhidas

luas e desertos
desdobram
amor

sem nada entender
de voos e pássaros
desenho meu voo

Hilda Helena Dias.

Vício divino

vício divino

sua sede
entre paredes duras
me toma
com essa cara fria

no desenho
de tua alma
o silêncio
de faca
pensa voos
e poda asas

triturada
vazia e
indiferente
vejo seu vício
e minha cara
colada nas tuas
coxas frias.

Hilda Helena Dias

cenário

cenário

pássaros correm
na sepultura
são tantos
que sabem
do corpo de
pássaro

comilões
enfraquecem
pequenos
cantam contentes
com a morte
que é vida

pássaros atraídos
sem saber
da vida
colorem asas
com sangue.

Hilda Helena Dias
Imagem google:

Ave de rapina: Pensamento de Nietzsche

Dói ser vida

Com a palavra, o Monstro da teatropia da poemusica:  Joel Costamar:

" *
Tai minha parceira de gostos e enfrentamentos, sempre com muito prazer nas postagens e papos. Aproprio-me da sua escrita e de parte do seu ar, prá fazer outra música de uma Hilda que entra pelas retinas, pelos ouvidos, pelos poros e sai como ato-canção... Teatropia da poemúsica.
Visto minha armadura de cordas, garganta e tesão prá enfrentar o possível, enfrentar o monstro da apatia e das teorias encardidas que aprisionam nossos atos. Ela, a Hilda, ela o poema - Ela a vida nua, consciente da sua nudez-coragem, sobe montanhas, se alimenta de seu céu e desce ao lodo-Nanã.
Sabemos... O poema por si só já se basta, o tudo mais é consequência... Reação, teat(r)o. Aqui, música, som, ruído... Ação.
*
Foquei meus atuais parceiros nesta lista do soundcloud.
Fiquem à vontade."https://soundcloud.com/joel-costamar/doi-ser-vida-de-hilda-helena-dias-musica-joel-costamar?in=joel-costamar/sets/de-poemas-amigos-e-amores



dói  ser vida

a veia pulsa
barro
vaso aquecido

em brasas
o querer da
noite negra

no peito do
louco
é dor ser
vida.

Hilda Helena Dias
Fotografia: Arô Ribeiro
Teatropia da poemúsica:Joel Costamar

à tua semelhança

à tua semelhança

mamo  nos teus peitos
tritura-me
sou  tralha
cria do bom
humor

apanho
coronhadas  santas
gastam
e abatem

gozas com
o meu Nada

sou devorada
pelos dentes
sagrados
dou meu corpo
obrigada

na fúria descontida
desordenada
um molde
divino
não  meu

num ato heroico
o escuro
de mim
me fere
e adoece
me faz
homem.

Hilda Helena Dias

O sedutor

o sedutor

um  deus negro
de luz dourada
levita

seu rastro de
espião
deleita nos
corpos vivos
saboreando
a morte

em branco e
preto
a foice fura

com seus murros
vai construindo
finitudes gastas
seu punho de
vidro
estilhaça a vida.

Hilda Helena Dias

peito vivo

peito vivo

no corpo de
carne
misérias
de mim

meu todo
pulsa
com os
neurônios
abrasados

os ossos velhos
cantam e
dançam
sendo cisco
de terra.

Hilda Helena Dias

Espírito

espírito

vem de mim e
de minha carne
o obscuro
que se
disfarça de
faca e seduz
a fruta
para ser
mordida

os traços delicados
e simétricos
jamais me
buscam
sou negra com
estampas purpuras

o espírito negro
incendeia o espaço
montado sobre
minha bunda viva

sou vício
escuro da
terra que
lateja.

Hilda Helena Dias
PHALLUS
Performance for Camera
Ana Montenegro and Bárbara Cunha, collaboration
São Paulo, SP, 2016