quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

MEC quer criar base curricular nacional para a educação básica



A Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC) pretende elaborar uma base curricular nacional para a educação básica. O objetivo é ter um documento sobre o tema até meados de 2010.

“Não queremos impor um currículo mínimo obrigatório, mas recuperar o debate sobre os currículos. Há experiências bem-sucedidas em Minas Gerais, Paraná, Ceará e Tocantins, e a troca de informações pode ser muito valiosa”, afirma a secretária da pasta, Maria do Pilar Almeida e Silva.

Para isso, estão sendo distribuídos 740 mil livretos, intitulados “Indagações curriculares”, para que diretores e professores de escolas públicas estaduais e municipais avaliem o que está sendo feito em sua escola e o que pode ser melhorado.

Encontros
Segundo a secretária, serão realizados 11 encontros com os secretários municipais para tratar de assuntos diversos, entre eles o currículo.

“Os livretos serão um ponto de partida para colhermos contribuições. Não queremos impor nada de cima para baixo. A autonomia dos sistemas de ensino está garantida, assim como achamos que os seus aspectos regionais devem ser preservados. No entanto, há coisas que podem ser melhoradas”, diz a secretária.

"É preciso rever muita coisa: como inserir o conteúdo sobre a história da África, filosofia e psicologia no currículo. Além disso, é importante que o currículo não seja iluminado por nenhuma religião", avalia Maria do Pilar.

"Os alunos de hoje têm uma nova forma cognitiva de aprendizagem. É preciso envolvê-los para que a aprendizagem seja mais efetiva."

Mapeamento
A pasta também inicia um estudo e um mapeamento sobre a organização curricular desenvolvida pelos estados e municípios após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que entrou em vigor em 1996.

A publicação “Indagações Curriculares” está disponível no site do MEC. O material está dividido em cinco eixos e propõe que os profissionais das escolas e das secretarias de educação ofereçam respostas para cinco perguntas sobre o currículo: o que é; para que serve; a quem se destina; como se constrói; e como se implementa?

Confira os temas:
Currículo e desenvolvimento humano – Traz uma reflexão sobre o tema tendo como referência conhecimentos de psicologia, neurociências, antropologia e lingüística.

Educando e educadores: seus direitos e o currículo – Ressalta a importância do trabalho coletivo dos profissionais da educação na construção de parâmetros de sua atividade.

Currículo, conhecimento e cultura – Aborda a construção do conhecimento escolar como característica da escola democrática, que reconhece a multiculturalidade e a diversidade como elementos de construção do processo ensino-aprendizagem.

Diversidade e currículo – Apresenta reflexões colocadas por educadores nas escolas e em encontros da categoria: que indagações a diversidade traz para o currículo? Como a diversidade é pensada nos espaços sociais? Como lidar de modo pedagógico com a diversidade?

Currículo e avaliação – Faz considerações sobre a avaliação da aprendizagem dos estudantes que ocorre na escola, avaliação da escola e do sistema escolar.

Eliminação adiada: o ocaso das classes populares no interior da escola e a ocultação da (má) qualidade do ensino



Este texto eu li no blog Razão e Crítica , é um artigo do professor da UNICAMP, Luiz Carlos de Freitas onde é feito uma profunda análise do projeto político-social que se esconde por trás da lógica das políticas educacionais de aprovação automática,responsabilização e etc.Vale a pena conferir!!!!

(...)

Boa parte dos problemas que estamos enfrentando com a educação básica nacional advém do próprio formato ideológico do projeto liberal hegemônico, agora “sob nova direção”: ele reduz qualidade a acesso – supostamente como uma primeira etapa da universalização. Mas, antes de ser uma etapa em direção à qualidade plena da escola pública, é um limite ideológico, como bem aponta Alavarse (2007). .

Os liberais admitem a igualdade de acesso, mas como têm uma ideologia baseada na meritocracia, no empreendedorismo pessoal, não podem conviver com a igualdade de resultados sem competição. Falam de igualdade de oportunidades, não de resultados. Para eles, os resultados dependem de esforço pessoal, uma variável interveniente que se distribui de forma “naturalmente” desigual na população, e que deve ser uma retribuição ao acesso permitido. Eles não podem aceitar que uma espécie de “acumulação primitiva” (Marx) ou um ethos (Bourdieu) cultural sequer interfira com a obtenção dos resultados do aluno. Se aceitassem, teriam de admitir as desigualdades sociais que eles mesmos (os liberais) produzem na sociedade e que entram pela porta da escola. Isso faz com que a tão propalada eqüidade liberal fique, apesar dos discursos, limitada ao acesso ou ao combate dos índices de reprovação. Como a progressão continuada já demonstrou, ausência de reprovação não é sinônimo de aprendizagem e qualidade (Cf. Bertagna, 2003).


Como analisamos em outro artigo (Freitas, 2002), esta postura tende a postergar os problemas políticos, econômicos e sociais que o liberalismo enfrenta com sua política econômico-social, mas não resolve o problema da universalização da qualidade da educação básica. Há hoje um grande contingente de alunos procedentes das camadas populares que vivem o seu ocaso no interior das escolas, desacreditados nas salas de aula ou relegados a programas de recuperação, aceleração, progressão continuada e/ou automática, educação de jovens e adultos, pseudo-escolas de tempo integral, cuja eliminação da escola foi suspensa ou adiada e aguardam sua eliminação definitiva na passagem entre ciclos ou conjunto de séries, quando então saem das estatísticas de reprovação, ou em algum momento de sua vida escolar onde a estatística seja mais confortável.

A Prova Brasil e os usos previstos para ela (acesso à avaliação de cada escola via internet, por exemplo), como forma de responsabilização, poderiam fazer parte de qualquer programa liberal (do Partido Democrata brasileiro até o Partido Republicano de Bush, para não falar da dobradinha Thatcher/Blair). Trabalham dentro da perspectiva de que “responsabilizar a escola”, expondo à sociedade seus resultados, irá melhorar a qualidade do ensino. A idéia completa dos republicanos de Bush (iniciada com Reagan) ou dos conservadores de Thatcher implica, no momento seguinte à divulgação dos resultados por escola, transformar o serviço público em mercado (ou mais precisamente em um quase-mercado), deslocando o dinheiro diretamente para os pais, os quais escolhem as melhores escolas a partir da divulgação desses resultados, de preferência estando as escolas sobre administração privada. É a política dos “vouchers”, que dá o dinheiro aos pais e não à escola. Paralelamente, tende a criar um mercado educacional para atender ao fracasso escolar. No Brasil já se criou o mecanismo para iniciar a privatização: Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) que podem administrar escolas antes públicas. Para os liberais, a ação do mercado forçaria à elevação da qualidade de ensino.

Todas estas ações encobrem o pano de fundo mencionado antes: nossa sociedade produz tamanha desigualdade social que as instituições que nela funcionam, se nenhuma ação contrária for adotada, acabam por traduzir tais desigualdades como princípio e meio de seu funcionamento (Bourdieu & Passeron, 1975; Baudelot & Establet, 1986). Todos concordamos em que isso não é desejável, mas meras políticas de eqüidade apenas tendem a ocultar o problema central: a desigualdade socioeconômica. Não é sem razão que os melhores desempenhos escolares estão nas camadas com melhor nível socioeconômico, brancas (Cf. Miranda, 2006, entre outros estudos disponíveis). Isso não significa que todas as escolas não tenham de ser eficazes em sua ação. Muito menos que as escolas que atendem à pobreza estejam desculpadas por não ensinarem, já que têm alunos com mais dificuldades para acompanhar os afazeres da escola. Ao contrário, delas se espera mais competência ainda. Mas os meios e as formas de se obter essa qualidade não serão efetivos entregando as escolas à lógica mercadológica. A questão é um pouco mais complexa.

Deixada à lógica do mercado, o resultado esperado será a institucionalização de escola para ricos e escola para pobres (da mesma maneira que temos celulares para ricos e para pobres). As primeiras canalizarão os melhores desempenhos, as últimas ficarão com os piores desempenhos. As primeiras continuarão sendo as melhores, as últimas continuarão sendo as piores. Mas o sistema terá criado um corredor para atender as classes mais bem posicionadas socialmente, o que será, é claro, atribuído ao mérito pessoal dos alunos e aos profissionais da escola.

(...)

Ìntegra do texto: http://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a1628100.pdf

Razão e Crítica e a Direta já para diretores de escolas municipais



Em Razão e Crítica,o Maycon Bezerra de Almeida somou mais um na Campanha da direta já para diretores das escolas municipais:

"É importante deixar claro que a defesa da eleição direta para diretor de escola (como efetivação do princípio legal da gestão democrática da escola) está profundamente ligada à crítica a política de aprovação automática ou de “eliminação adiada” dos educandos das classes populares. A gestão democrática da escola, com os gestores escolares prestando conta de sua atividade à comunidade escolar e não aos seus chefes políticos deve ser entendida como uma bandeira central na luta de professores, estudantes e famílias contra o processo de precarização e desqualificação da educação escolar pública em nosso país".

domingo, 18 de janeiro de 2009

A escola pública vai mal e a culpa é dos professores?



No último mês o debate sobre as diretas já para diretor de escolas trouxe muitos comentários na globosfera campista ,uns surpreenderam ...Muitos acreditam como eu que para moralizar a administração publica municipal, nada mais justo começar com as eleições diretas para diretores de escolas do município.

Tão revoltante quanto a afirmação do Sr Avelino foi a sabedoria do Xacal para tratar o assunto Confira aqui:A TroLhA: Democracia é quando eles mandam, e todos obedecem...

Nesta mesma postagem li um comentário anônimo desqualificando os professores que me chamou a atenção,"infelizmente no caso de eleições para diretores, só concordo com uma lista tríplice para a escolha final pelo prefeito. Para evitar privilégios entre os professores, pois alguns não gostam de trabalhar."

Comentários como este coloca o magistério mais para baixo do que está.
Impressionante é a mídia servil concordar e alardear que a escola pública do nosso município vai mal e isto por culpa dos professores. Mentira.

A comunidade precisa compreender que estas campanhas serradas contra a escola pública e contra os professores têm, como única finalidade, desacreditar o ensino público para que mais pais procurem a escola privada e o Estado se livre da responsabilidade com educação. Nada contra o ensino privado, estou defendendo o público.

Percebi que alguns com prepotência, afirmam que a escolha democrática de nosssos representantes faria das Instituições um fracasso.Mas daí a questionar os trabalhadores de educação ???

"Precisamos todos nós, educadores, pais, alunos, toda a comunidade nos unir e salvar a educação dos ataques que usa todos os meios para desqualificar os educadores, apenas para satisfazer exigências impostas para o empréstimo. Mas o déficit não é zero?O empréstimo não precisará ser pago? Falta de educação é mentir, enganar, ludibriar a sociedade, convencê-la que os educadores precisam ser “comprados” com prêmios para trabalharem melhor. Nem precisarão estudar, basta transmitir os conhecimentos exigidos pela SMEC. É a desumanizarão total da educação. É a confecção de parafusos".

Será o fracasso total da escola pública se o governo conseguir seu intento. Somos falhos, mas somos também educadores, por isso somos contra a nomeação de diretores. Não somos de baixo, nem de cima, somos juntos com a comunidade e queremos a melhor educação para seus filhos, enquanto o governo só quer economizar para satisfazer exigências do Banco mundial, prejudicando milhares de estudante e educadores. Precisamos estar unidos e mobilizados. Estragos irreparáveis já foram feitos por esse governo, mas podemos impedir outros. Lutemos juntos pelo educando, pelo educador, pela educação.

Gestão Democrática Escolar



As mudanças vividas na atualidade (décadas de 80 e 90) em nível mundial, em termos econômicos, sociais e culturais, com a transnacionalização da economia e o intercâmbio quase imediato de conhecimentos e padrões sociais e culturais, através das novas tecnologias da comunicação, entre outros fatores, têm provocado uma nova atuação dos Estados nacionais na organização das políticas públicas, por meio de um movimento de repasse de poderes e responsabilidades dos governos centrais para as comunidades locais. Na educação, um efeito deste movimento são os processos de descentralização da gestão escolar, hoje percebidos como uma das mais importantes tendências das reformas educacionais em nível mundial (Abi-Duhou, 2002) e um tema importante na formação continuada dos docentes e nos debates educacionais com toda a sociedade.

Como essa tendência é vivida nas escolas e nos sistemas educacionais? Quais são as diferentes possibilidades de vivenciar processos de descentralização e autonomia nas escolas e nos sistemas? Que desafios precisam ser enfrentados, considerando uma tradição autoritária e centralizadora, comum em tantos países, dentre eles o Brasil? De que modo oportunizar a participação da comunidade educativa, a partir da diversidade dos diferentes atores sociais? Qual a relação entre democratização da escola e qualidade de ensino? O que se entende por gestão democrática na educação? Essas são algumas das preocupações que surgem quando se busca implementar processos de descentralização e autonomia no campo da educação.

A gestão democrática da educação formal está associada ao estabelecimento de mecanismos legais e institucionais e à organização de ações que desencadeiem a participação social: na formulação de políticas educacionais; no planejamento; na tomada de decisões; na definição do uso de recursos e necessidades de investimento; na execução das deliberações coletivas; nos momentos de avaliação da escola e da política educacional. Também a democratização do acesso e estratégias que garantam a permanência na escola, tendo como horizonte a universalização do ensino para toda a população, bem como o debate sobre a qualidade social dessa educação universalizada, são questões que estão relacionadas a esse debate. Esses processos devem garantir e mobilizar a presença dos diferentes atores envolvidos, que participam no nível dos sistemas de ensino e no nível da escola (Medeiros, 2003).

Esta proposta está presente hoje em praticamente todos os discursos da reforma educacional no que se refere à gestão, constituindo um "novo senso comum", seja pelo reconhecimento da importância da educação na democratização, regulação e "progresso" da sociedade, seja pela necessidade de valorizar e considerar a diversidade do cenário social, ou ainda a necessidade de o Estado sobrecarregado (Barroso, 2000) "aliviar-se" de suas responsabilidades, transferindo poderes e funções para o nível local.

Em nível prático, encontramos diferentes vivências dessa proposta, como a introdução de modelos de administração empresariais, ou processos que respeitam a especificidade da educação enquanto política social, buscando a transformação da sociedade e da escola, através da participação e construção da autonomia e da cidadania. Falar em gestão democrática nos remete, portanto, quase que imediatamente a pensar em autonomia e participação. O que podemos dizer sobre esses dois conceitos, já que há diferentes possibilidades de compreendê-los?

Pensar a autonomia é uma tarefa que se apresenta de forma complexa, pois se pode crer na idéia de liberdade total ou independência, quando temos de considerar os diferentes agentes sociais e as muitas interfaces e interdependências que fazem parte da organização educacional. Por isso, deve ser muito bem trabalhada, a fim de equacionar a possibilidade de direcionamento camuflado das decisões, ou a desarticulação total entre as diferentes esferas, ou o domínio de um determinado grupo, ou, ainda, a desconsideração das questões mais amplas que envolvem a escola.

Outro conceito importante é o da participação, pois também pode ter muitos significados, além de poder ser exercida em diferentes níveis. Podemos pensar a participação em todos os momentos do planejamento da escola, de execução e de avaliação, ou pensar que participação pudesse ser apenas convidar a comunidade para eventos ou para contribuir na manutenção e conservação do espaço físico. Portanto, as conhecidas perguntas sobre "quem participa?", "como participa?", "no que participa?", "qual a importância das decisões tomadas?" devem estar presentes nas agendas de discussão da gestão na escola e nos espaços de definição da política educacional de um município, do estado ou do país.

Quais são os instrumentos e práticas que organizam a vivência da gestão escolar? Em geral, esses processos mesclam democracia representativa - instrumentos e instâncias formais que pressupõem a eleição de representantes, com democracia participativa - estabelecimento de estratégias e fóruns de participação direta, articulados e dando fundamento a essas representações.

Vários autores, como Padilha (1998) e Dourado (2000), defendem a eleição de diretores de escola e a constituição de conselhos escolares como formas mais democráticas de gestão. Outro elemento indispensável é a descentralização financeira, na qual o governo, nas suas diferentes esferas, repassa para as unidades de ensino recursos públicos a serem gerenciados conforme as deliberações de cada comunidade escolar. Estes aspectos estarão conformados na legislação local, nos regimentos escolares e regimentos internos dos órgãos da própria escola, como o Conselho Escolar e a ampla Assembléia da Comunidade Escolar.

Para funcionar em uma perspectiva democrática, segundo Ciseki (1998), os Conselhos, de composição paritária, devem respaldar-se em uma prática participativa de todos os segmentos escolares (pais, professores, alunos, funcionários). Para tal, é importante que todos tenham acesso às informações relevantes para a tomada de decisões e que haja transparência nas negociações entre os representantes dos interesses, muitas vezes legitimamente conflitantes, dos diferentes segmentos da comunidade escolar. Os conselhos e assembléias escolares devem ter funções deliberativas, consultivas e fiscalizadoras, de modo que possam dirigir e avaliar todo o processo de gestão escolar, e não apenas funcionar como instância de consulta.

Em seu projeto político-pedagógico, construído através do planejamento participativo, desde os momentos de diagnóstico, passando pelo estabelecimento de diretrizes, objetivos e metas, execução e avaliação, a escola pode desenvolver projetos específicos de interesse da comunidade escolar, que devem ser sistematicamente avaliados e revitalizados. A gestão democrática da escola significa, portanto, a conjunção entre instrumentos formais - eleição de direção, conselho escolar, descentralização financeira - e práticas efetivas de participação, que conferem a cada escola sua singularidade, articuladas em um sistema de ensino que igualmente promova a participação nas políticas educacionais mais amplas.

Abordar as diferentes concepções que disputam, na arena educacional, as proposições e vivências em termos de autonomia escolar, na construção do projeto político-pedagógico de cada unidade de ensino;
A participação da comunidade na gestão escolar nos conselhos escolares e no provimento do cargo de direção;
A gestão dos recursos financeiros no âmbito da escola; a gestão de projetos inovadores que conferem identidade a cada escola;
A avaliação institucional da escola pública como o processo que confere informações para as decisões, suas possibilidades e limites;
As relações entre gestão democrática da escola e gestão democrática dos sistemas.

A primeira tentativa de romper com esta lógica no campo da administração educacional no Brasil, foi em 1935, quando Anísio Teixeira então Secretário de Educação e Cultura do Distrito Federal, ao entregar o cargo ao Prefeito Pedro Ernesto, publicou o relatório de seu trabalho, sob título de "Educação para a democracia: introdução à administração educacional". Neste relatório, Anísio Teixeira considerava a educação escolar a base de uma sociedade democrática. Escola e democracia constituíam uma unidade indivisível. Por outro lado, Anísio Teixeira convivia com uma realidade social profundamente desigual: o sistema educacional dualista, uma escola erudita para a burguesia e outra profissionalizante e em número reduzido para os filhos dos trabalhadores. Anísio Teixeira pretendia uma administração democrática, mas sua formação liberal e o pensamento de John Dewey como suporte ideológico não garantiram a consolidação de um projeto educacional democrático.

A segunda tentativa de romper com esta lógica, foi no contexto das greves do magistério público na segunda metade da década de 1970, em pleno regime da ditadura militar, quando o capitalismo se encontrava na fase de expansão continental, materializada pela rede de bancos e de empresas estrangeiras que se implantava no país, época denominada pela mídia como a do milagre brasileiro. A questão democrática se tornou uma questão de soberania. Os movimentos sociais desencadearam amplas lutas pela democratização do Estado e da Sociedade, suscitando a criação de partidos de esquerda, de sindicatos e da Central única dos Trabalhadores, culminando com a proclamação da Constituição Cidadã em 1988 e as eleições gerais. A democracia constituía a grande esperança de emancipação.

O movimento de democratização do Estado e da Sociedade fortaleceu as reivindicações dos sindicatos em três dimensões: a) organização política das classes trabalhadoras; b) enfrentamento do arrocho salarial produzido pelo esgotamento do fordismo e do estado de bem estar social através de greves anuais; c) eleição direta para dirigentes de escolas, universidades e associações científicas, controle das verbas destinadas e aplicadas na educação e participação na elaboração das políticas públicas de educação.

Participação enriquecedora
Na escola pública algumas práticas de participação começaram a enriquecer o cotidiano escolar. O processo eleitoral de dois em dois anos para eleger dirigentes escolares, introduziu a disputa política, substituindo o velho sistema clientelista de indicações de diretores de escola pelos políticos locais. O Conselho de Escola e Comunidade composto por membros representativos da escola e da comunidade fortaleceu a participação nas decisões administrativas e pedagógicas. O retorno dos Grémios Estudantis Livres abriu uma perspectiva para a educação política dos alunos. O direito de filiar-se a um sindicato e de organizar associações de pais e de professores veio contribuir para mudar a cultura autoritária da escola. O pensar, o decidir e o fazer coletivos começavam a democratizar a escola. Este é período denominado de transição democrática das décadas de 80 e de 90.

Embora estas práticas de democracia representativa tenham sido conquistadas no bojo dos movimentos de democratização do Estado e da Sociedade, a sua eficácia, a partir de 1995, no contexto das políticas (neo)liberais de educação, está sofrendo críticas dos governos e desconfiança dos educadores. No âmbito da gestão, a mais recente Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é omissa em relação à participação popular e tímida quanto à participação dos professores, funcionários, pais e alunos. No cenário nacional, os governos embalados pelas políticas (neo)liberais alardeiam que esta escola pública está falida, porque não há verbas capazes de mantê-las, e a escola do futuro deverá ser uma escola em parceria com as empresas e com a comunidade. Em contrapartida, os focos de resistência em cenários regionais, quer pela iniciativa de sindicatos, de administrações municipais e/ou estaduais de partidos de oposição e de grupos ativos do Movimento dos Sem Terra (MST) vêm produzindo um número expressivo de escolas públicas que assumem o compromisso de fortalecer a idéia da construção de uma sociedade democrática de massas. Nestas escolas a participação popular é intensa.(Para ler o artigo na íntegra,confirme aqui Gestão democrática escolar - Portal Ensinando

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Professores : A luta pela direta já de diretores de escola não está perdida!



Confesso que o tal "decreto que é inconstitucional" me deixou realmente desanimada e frustada e após o Soprador de Vidro voltar com o assunto de vento em polpa da direta já para diretores das escolas quem apareceu por aqui e trouxe esperança foi o Fábio Siqueira à quem devo desculpas por ter atribuído-lhe o cargo de presidente do SEPE (O qual nem mais existe),esclareço que o mesmo é um dos 11 diretoes que compõe uma direção colegiada do sindicato.

Aproveito o comentário do próprio Fábio Siqueira para trazer esperança :

"Não há motivo ainda para esmorecimento apesar de certa frustração.
A tradição das conquistas de gestão democrática se dá na luta. Devemos insistir e buscar uma ampla mobilização"

O que proponho aqui nesta postagem é divulgar o SEPE pois "ele está à disposição da categoria para investir nesta campanha/mobilização.
A proposta está há anos no SEPE em "pauta de reivindicações e permanecerá colocada
. Eles vão "tratar desse assunto com a Secretária Auxiliadora Freitas "tão logo conseguirem " uma audiência e cobrará a gestão democrática nas escolas.

A luta está apenas no começo!"


Por outro lado agora esse espaço convoca todos os professores municipais em Campos dos Goytacazes a pensar seriamente em filiarem-se ao SEPE(O que farei na 1ª oportunidade )pois este já demonstrou competentência para representar a categoria da rede municipal em suas demandas. Em especial questões justas e simbólicas como a gestão democrática das escolas.

Vampos ver neste Decreto uma oportunidade de fazer um acontecimento formidável,a classe dos professores tem que ocupar seu lugar na vanguarda de luta e o SEPE já demonstrou que está aberto a isso!

Vamos então travar uma dura batalha em defesa da educação pública e de seus direitos democráticos e de um futuro que valha a pena ser vivido.

É preciso rever conceitos e se envolver de alguma forma com um Sindicato que como o SEPE tem histórias nas lutas pela Educação.

Se nada impede o SEPE a representar a categoria da rede municipal então não temos motivos para hesitar!

Como disse Fábio Siqueira "na questão específica da campanha pela eleição direta para diretores de escolas o SEPE já tem posição oficial sobre isso e consta na pauta de reivindicações já encaminhada à Prefeita e a seus auxiliares."

Para quem não quer peder tempo eis aí o edereço do SEPE em Campos dos Goytacazes:

Corrigindo o endereço do SEPE

O endereço do SEPE mudou para: Praça São Salvador,nº41, sala 701 Edifício Ninho das Águias. Tels: 27345883 e 27352406.
A documentação necessária para filiação é o contracheque atual (ou mais recente).

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Prefeita diz não para as eleições diretas para diretores das escolas municipais em Campos



OFICIAL
C3 | Monitor Campista |QUINTA-FEIRA, 08 de janeiro de 2009

"...
Ficam mantidos, na estrutura administrativa
da Secretaria Municipal de Educação,
os cargos de diretores, vices-diretores e secretários,
previstos na legislação vigente e não
abrangidos no Anexo II do presente Decreto,
devendo ser adotados os critérios já estabelecidos.
...
Este decreto entrará em vigor
na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
Prefeitura Municipal de Campos dos"
Goytacazes, 1º de janeiro de 2009.
Rosinha Garotinho - Prefeita

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Luta de Professores :Dá para desanimar???



Toda luta social nos leva para a crise do capitalismo.
O pano de fundo parece o mesmo!
Hoje estive em Campos e confesso que voltei não vou dizer desanimada,mas frustada e muito impotente com o descaso com a política pública que envolve o nosso Município de Campos dos Goytacazes.Parece que nossos diretores já estão sendo escolhidos e só estão aguardando as nomeações.Na ida e vinda de Campos parece que ouvi todos os nomes que já haviam sido cogitados devido à fidelidade partidária que dedicaram à campanha do governo eleito.

Todos sabemos que o momento que a prefeitura está soterrada em um mar de lama. Falida e francamente desacreditada ideologicamente mas, não morta ou enterrada.

A dimensão que assumiu o nosso governo, vem acelerar a necessidade de crítica do sistema populista em vigor, agora em fase de readaptação e recuperação dos seus próprios fracassos. Entre os que defendem a utilização maciça da intervenção de medidas do tipo nomeações,promoção automática,terceirizados..... Na sua senda atropelam-se em pânico, os naufragados mandarins, os seus mandantes da alta finança, os “investidores”. A questão que discutem é se iremos ter uma combinação de democracia e ditadura.
Na minha opinião, apesar de desgastado o governo populista na faceta de uma nova gestão é uma ditadura que irá manter-se viva, uma vez que é o único como modelo que, hoje, permite a rápida ascensão política.
Pretendo sublinhar, de modo bem claro, que a maciça intervenção das classes constitui apenas e tão somente um eforço e jamais um retorno a qualquer modelo do tipo social-democrata nesse governo. Embora isso esteja nos planos de muitos diríamos que muitos que se dizem esquerdistas sempre buscam argumentos para se arrumarem no doce recato dos partidos ditos populistas.
Nas colunas dos jornais os notáveis dizem que a situação não está fácil , mesmo lambuzando a gamela do poder, como sempre. E, finalmente, secretárias como o a nossa da Educação passa a afirmar as virtudes do papel da promoção automática, depois nossos vereadores passam tempo a nomear, desregulamentar, favorecer o sistema populista e a elogiar os resultado fácil e fraudulento; a população, por seu turno, continua a ser ensinada a aceitar a virtuosa via do sacrifício, pois há tempos difíceis no horizonte e a contenção do deficit é um desígnio patriótico.

Sempre que se está em época de mudança eles, como os répteis, mudam de pele. Em campanha eleitoral em 2008 , foi espantoso como debaixo da cada pedra saltavam firmes defensores da democracia,adotando as roupagens ideológicas que condenavam meses antes.
A esquerda não detém ainda um corpus teórico capaz de produzir um modelo de análise , e, menos ainda de um leque de soluções . E, isso, nomeadamente, porque entre as esquerdas e a grande massa da multidão há um fosso quanto à compreensão da realidade e às formas de a modificar.

As soluções de hoje não passa pela intervenção maciça de nossos governantes, da mobilização das receitas fiscais, ou de acordos políticos entre dirigentes políticos baseados numa legitimidade ausente numa representação abusiva, consentida e não conquistada.
Para o evitar há que construir na base social uma cultura de protesto e desobediência, de boicote e perturbação do funcionamento das várias instâncias da máquina de acumulação e de sacrifício da vida de todos, em favor do interesse de uns poucos; e nesse contexto, aproveitar a crise econômica, as dificuldades do governo, para consolidar forças, habituar um grande número de pessoas, sobretudo jovens, trabalhadores e desempregados, à contestação, à luta, a uma cultura de exigência e desafio.

Não há soluções reais à margem da multidão, soluções que não sejam emanadas e testadas pela prática social, dos povos em luta por uma sociedade radicalmente diferente. Nenhuma solução pode surgir enquanto não houver uma grande faixa das classes trabalhadoras empenhadas e confiantes nas transformações exigidas; enquanto não surgir uma multiplicidade de forças sociais unidas num protagonismo coletivo e articulado de transformação social. E, em termos mais gerais e a longo prazo, nenhuma solução se pode tornar duradoura se confinada a um pequeno recanto do mundo; o princípio dessa transformação, para se consolidar, precisa de uma massa crítica de território, de população, de recursos capaz de fazer frente a todos os boicotes e atitudes agressivas do governo atual, mesmo que este se encontre no início.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Cidadania e Justiça



Por Maria Rachel Coelho

Depois de superarmos o Fernando I, “caçador de marajás” e “defensor dos descamisados” e o Fernando II, FHC, governo marcado pela privatização da Embraer, Telebrás, Vale do Rio Doce e outras estatais, e pela aprovação da emenda constitucional que autorizou a reeleição, surgiu nos últimos dias um novo garoto propaganda, para tentarem manter a “monarquia republicana brasileira” em 2010: o Fernando III.

De acordo com publicação do jornal O Globo de 28 de dezembro de 2008, a verba de comunicação e publicidade do Ministério da Educação para 2009 vai triplicar em relação a 2007. O MEC alega que precisa aumentar a divulgação de projetos do PAC da Educação. Mas alguns desses projetos, como o Brasil Alfabetizado, sofreram cortes de verba devido à crise. Mas mesmo com corte de R$ 1 bilhão no orçamento, a verba de publicidade vai triplicar em relação a 2007.

Ainda segundo Editorial de O Estado de São Paulo, publicado em 2 de janeiro de 2009, se ainda havia alguma dúvida quanto à tentativa do ministro Fernando Haddad usar o MEC para ganhar visibilidade e, com isso, fortalecer sua imagem política com vista à eleição de 2010, ela é desfeita quando se analisa o orçamento da pasta para 2009.
O orçamento para atividades-fim vai encolher enquanto os gastos com publicidade, propaganda e marketing vão crescer. O Editorial lembra, ainda, que desde sua nomeação, em julho de 2005, Haddad vem sendo lembrado por líderes petistas como um “nome” para as eleições de 2010. Nos últimos meses, inclusive, criou instituições federais de ensino superior em redutos eleitorais do PT.

Financiar propaganda eleitoreira com dinheiro público enquanto o Brasil ocupa um 7º lugar em analfabetismo, é uma afronta aos brasileiros. Opinião pública se faz trabalhando, ainda que em cima de propostas e projetos plagiados. Opinião pública se faz dando dignidade ao povo e não fazendo teatrinho na TV. Mas isso já é apelação de um governo que não engana mais ninguém, de tão deteriorado por sucessivos escândalos de corrupção que o fizeram cair no descrédito.

Uma política séria pensaria em erradicar o analfabetismo, em oferecer vagas para o ensino médio e torná-lo obrigatório e profissionalizante. Em recuperar e expandir o sistema público federal de educação superior em todo o território nacional, e não apenas em redutos eleitorais. Um sistema que ainda conserva modelo acadêmico e profissional superados tanto no aspecto acadêmico como institucional. A transformação é urgente pois ainda temos por base as reformas universitárias parciais e limitadas das décadas de 60 e 70 do século passado.

A situação se agravada no vácuo existente entre a graduação e a pós-graduação, tal qual herdado da reforma universitária de 1968. Aliás, a atuação da CAPES já está reconhecidamente prejudicada com o corte no orçamento no valor de R$ 1 bilhão em 2009.

Estamos correndo o risco do isolamento nas esferas científica, tecnológica e intelectual em um mundo cada dia mais globalizado e inter-relacionado.

Mas qual será o slogan para 2010? Decerto Fernando III, não vai fazer cooper, dirigir jato supersônico, motocicletas super potentes ou jet sky, subir e descer a rampa do Palácio, comportamentos que exaltavam a suposta jovialidade, arrojo, combatividade e modernidade de Fernando I, hábitos expressos em sua notória frase "Tenho aquilo roxo".

Esse novo garoto propaganda também não tem tradição de idealizador, como Fernando II, idealizou o Plano Real. A tradição dele e de todo seu time é a de apenas dar continuidade as idéias dos outros.
Mas do jeito que começou seu reinado temos uma boa sugestão, já que gosta de artes marciais poderia ser: Fernando III, aquele que deu “um golpe nas crianças brasileiras” ou Fernando III “ o assaltante da educação brasileira”.

domingo, 4 de janeiro de 2009

A falência da escola pública



Alguns dias desconectada,primeiro pelas 48 horas sem energia elétrica no Distrito Santa Maria de Campos ..depois pelos cortes da mesma no início deste ano...e também pelo de fim de ano e a necessidade de um tempo específico para algumas organizações pessoais...
Pelo visto meus seguidores aumentaram e isto é para lá de bom...e melhor ainda foi ver a campanha das Diretas já para diretores de escolas ter conseguido gerar debates interessantes na voz de muitos blogueiros campistas que muito admiro!!!

O ano findou o outro governo entrou e eu continuo aqui em defesa da educação pública de qualidade em volta da crise gerada na escola pública ...

É triste afirmar mas a escola não consegue ser um espaço onde existe democracia impedindo como já dizia Rubem Alves dos alunos alcançarem vôo..
Infelizmente não existe democracia no nosso sistema educacional e esse se encontra afetado por uma crise de proporções históricas.

Até o momento, todas as decisões adotadas pelo governo, só têm tido um beneficiado: eles mesmos e sua repercussão. Em poucas semanas se tem aprovado promoção automática e está chegando o tempo em que distribuirão centenas de diretores nos postos de trabalho e de adotarem medidas para monopolizar os serviços públicos essenciais como a saúde e a educação.

Não é novidade para ninguém que o responsável deste massacre tem nome e sobrenome: é o sistema populista, um sistema baseado nos interesses dos nossos governantes e não da população ,um meio eficaz para garantir popularidade na gestão e cujo motor é a busca pela máxima de uma ditatura muito mal difarçada de democracia.

Todas as decisões adotadas para sair da crise têm revelado que a chamada “democracia” não é mais que a ditadura do governo.

Um punhado de diretores de escola de todo o nosso município,que ninguém os elegeu e que ninguém os deu o mandato, irão reger o destino de muitos campistas.

Esta oligarquia de intocáveis concentra uma representatividade do governo eleito.

Penso na riqueza do nosso município e o que poderia ser feito na vida de milhares de alunos.

A crise educacional é uma crise capitalista, no entanto, também podemos vê-las por outro aspécto. Em todo o mundo estamos observando uma profunda sacudida na consciência de milhões de oprimidos, que irá abalar as bases do sistema.

E nesses acontecimentos formidáveis, a classe dos professores tem ocupar seu lugar na vanguarda de luta.

Vamos então travar uma dura batalha em defesa da educação pública e de seus direitos democráticos e de um futuro que valha a pena ser vivido.

Porém os problemas dos professores são comuns aos do conjunto da sociedade. Se isso é assim, necessitamos unir nossas forças em uma frente de classe para combater os ataques dos capitalistas e as conseqüências de suas crises.


Hoje mais do que nunca é necessário organizar toda a classe trabalhadora. A alternativa é a luta organizada da classe trabalhadora e da juventude, de todos os oprimidos, até conseguir colocar a riqueza do mundo sob controle democrático da maioria da sociedade.
Aproveito aqui para dizer que as 'Diretas já para Diretores de Escola' é uma alternativa realista, e seria absolutamente viável para garantir uma educação pública de qualidade e, naturalmente, uma autêntica democracia.