terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Cidadania e Justiça



Por Maria Rachel Coelho

Depois de superarmos o Fernando I, “caçador de marajás” e “defensor dos descamisados” e o Fernando II, FHC, governo marcado pela privatização da Embraer, Telebrás, Vale do Rio Doce e outras estatais, e pela aprovação da emenda constitucional que autorizou a reeleição, surgiu nos últimos dias um novo garoto propaganda, para tentarem manter a “monarquia republicana brasileira” em 2010: o Fernando III.

De acordo com publicação do jornal O Globo de 28 de dezembro de 2008, a verba de comunicação e publicidade do Ministério da Educação para 2009 vai triplicar em relação a 2007. O MEC alega que precisa aumentar a divulgação de projetos do PAC da Educação. Mas alguns desses projetos, como o Brasil Alfabetizado, sofreram cortes de verba devido à crise. Mas mesmo com corte de R$ 1 bilhão no orçamento, a verba de publicidade vai triplicar em relação a 2007.

Ainda segundo Editorial de O Estado de São Paulo, publicado em 2 de janeiro de 2009, se ainda havia alguma dúvida quanto à tentativa do ministro Fernando Haddad usar o MEC para ganhar visibilidade e, com isso, fortalecer sua imagem política com vista à eleição de 2010, ela é desfeita quando se analisa o orçamento da pasta para 2009.
O orçamento para atividades-fim vai encolher enquanto os gastos com publicidade, propaganda e marketing vão crescer. O Editorial lembra, ainda, que desde sua nomeação, em julho de 2005, Haddad vem sendo lembrado por líderes petistas como um “nome” para as eleições de 2010. Nos últimos meses, inclusive, criou instituições federais de ensino superior em redutos eleitorais do PT.

Financiar propaganda eleitoreira com dinheiro público enquanto o Brasil ocupa um 7º lugar em analfabetismo, é uma afronta aos brasileiros. Opinião pública se faz trabalhando, ainda que em cima de propostas e projetos plagiados. Opinião pública se faz dando dignidade ao povo e não fazendo teatrinho na TV. Mas isso já é apelação de um governo que não engana mais ninguém, de tão deteriorado por sucessivos escândalos de corrupção que o fizeram cair no descrédito.

Uma política séria pensaria em erradicar o analfabetismo, em oferecer vagas para o ensino médio e torná-lo obrigatório e profissionalizante. Em recuperar e expandir o sistema público federal de educação superior em todo o território nacional, e não apenas em redutos eleitorais. Um sistema que ainda conserva modelo acadêmico e profissional superados tanto no aspecto acadêmico como institucional. A transformação é urgente pois ainda temos por base as reformas universitárias parciais e limitadas das décadas de 60 e 70 do século passado.

A situação se agravada no vácuo existente entre a graduação e a pós-graduação, tal qual herdado da reforma universitária de 1968. Aliás, a atuação da CAPES já está reconhecidamente prejudicada com o corte no orçamento no valor de R$ 1 bilhão em 2009.

Estamos correndo o risco do isolamento nas esferas científica, tecnológica e intelectual em um mundo cada dia mais globalizado e inter-relacionado.

Mas qual será o slogan para 2010? Decerto Fernando III, não vai fazer cooper, dirigir jato supersônico, motocicletas super potentes ou jet sky, subir e descer a rampa do Palácio, comportamentos que exaltavam a suposta jovialidade, arrojo, combatividade e modernidade de Fernando I, hábitos expressos em sua notória frase "Tenho aquilo roxo".

Esse novo garoto propaganda também não tem tradição de idealizador, como Fernando II, idealizou o Plano Real. A tradição dele e de todo seu time é a de apenas dar continuidade as idéias dos outros.
Mas do jeito que começou seu reinado temos uma boa sugestão, já que gosta de artes marciais poderia ser: Fernando III, aquele que deu “um golpe nas crianças brasileiras” ou Fernando III “ o assaltante da educação brasileira”.

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