domingo, 29 de março de 2009

Descentralização do poder e das decisões ( gestão escolar)



A concepção de gestão que nos interessa é a que reconhece a especificidade, a complexidade, a contextualização e a historicidade da educação escolar enquanto determinantes de sua gestão. Compreende a tomada de decisão, execução e regulação da prática educacional.

Compreendemos que gestão faz parte de um processo, que implica movimento e historicidade, que no caso específico da educação, se forja na inter-relação de duas dimensões da prática educacional: a política e administrativa, que deve ser contextualizado a partir de inúmeras condições, determinações, âmbitos, faces e interfaces.

Outra marca da gestão é seu caráter instrumental e utilitário, o caminho pelos quais se organiza, se orienta e viabiliza a educação escolar. Conteúdo e forma são determinados pela razão instrumental e utilitária. As ações administrativas, tanto nas escolas quanto nas secretarias de educação, devem ser entendidas a partir de uma inter-relação com as ações pedagógicas e descentralizadas.

O sistema de gestão deve organizar-se a partir das unidades escolares e não dos órgãos centrais.

O termo gestão vem de gestio, que vem de gerere (trazer em si, produzir) ficando evidente que gestão não é só o ato de administrar um bem fora - de - si (alheio), mas é algo que se traz em si, porque nele está contido. E o valor deste bem é a própria capacidade de participação, sinal da maior democracia.

Participar é dar parte e ter parte. O primeiro movimento visa informar, dar publicidade, e o segundo, é estar presente, ser considerado um parceiro nas grandes definições de uma deliberação ou de um ordenamento.

Os Conselhos devem conter, como alta prioridade, a dinâmica da participação, da abertura e do diálogo. Conselhos com essas características é uma forma de democratização do Estado, tornando-se possível a entrada da sociedade civil no âmbito dos governos com o objetivo de fiscalizá-los e mesmo controlá-los.

Para os gregos, o logos é aquela dimensão humana que busca a razão e o sentido das coisas, evita as guerras e busca a cidadania. Esta por sua vez, se põe e se impõe pelo diá-logo, na praça pública. É nela que a cidadania se sente co-responsável pelos destinos de uma comunidade. O logos encontra sua expressão máxima no diálogo público entre cidadãos e entre estes e os ocupantes de cargos no governo. O logos pressupõe e se expressa na democracia.

Temos claro que isso não é algo tranquilo ou mesmo sem conflito, pois o diálogo sempre foi precedido pela ironia nos debates e nas discussões. A solução democrática dos conflitos ancora-se no logos, que postula o convencimento como forma mais elevada de discussão entre iguais a fim de buscar na razão a solução dos problemas da Cidade. Não se trata da guerra cujo objetivo é vencer o outro pela força das armas. Ser não-violento e, ao mesmo tempo, ser respeitador da razão e do ponto de vista diferente de um adversário, é a tentativa de vencer com o outro, isto é, convencer. Persuadir com argumentos mais amplos e mais explicativos, em busca da verdade, implica em considerar as verdades existentes em e entre todos os participantes da praça.

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