quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

busca do amanhecer

busca do amanhecer

o mundo engole-me
me vejo vestida de
amor finito
minha carne perecível
deseja o indefinível

busco no corpo
sonhos soberbos
manchados
que reluzem no fechar dos olhos
a noite que
morre encarnando o
amanhecer

obsessiva
desejo na manhã
lavar-me nas
águas que não bebi

tento memorizar
o que vou sendo
deleito-me na
minha fome
o avesso se
mostra num
inquietante cardume

no breu, onde se
vela o coração
de Deus
deito com o
tempo vivo
que abrevia
meu passo

vasta, convivo
com o espaço
alimento-me
para muitas vidas que
não terei depois

movo-me no deserto
no medo de assemelhar
depois de morta
a terra
meu espaço é
triturado a cada
dia.

Hilda Helena Dias
Arte:Arô Ribeiro
Performance A Roupa do Rei com Rafael Amambahy

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