sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

morte pequena

morte pequena
canto-te
oh morte!
numa planície 
oca
sou poeira insignificante
perco-me na sua
hora
mas tu
perdes o meu
vazio
as horas das
minhas buscas
vestida de
sol
paredes d'água
espelhadas do
outro
ultrapassei
imagino-te
crescendo nova
a cada dia
até o dia
que por ti
serei pedida como
amante
me vigio
te esperando
nos instantes
cegos
reconheço-te
virá quebrando
as porcelanas
prostituta desprezível
te coroo rainha
me colo e
recebo-te ao
meu deitar
nas ilusões e
sonhos te
abraço
levarás meus
órgãos dos sentidos
tudo que desfrutei
coisas insignificantes
mas minhas
o nada tudo é
e em tudo
está
persigo-te sua
fingida
tiro sua
máscara
amando-te
como predadora
devoro-te
como se tu
coubesse toda
dentro dos meus
ossos
recrio-te
em ideias infinitas
a semelhança
da vida
eterno nada é
teu nome
rio de você
sem cara
na intimidade
te penso
fascinada por
mim
se alimentando
da minha
carne
sou pesada
de vida
terás que
dobrar-te
como uma
égua negra
pois não sei
montá-la
provo-te
nas perdas
de minha memória
de pó
viva te persigo
morrerás pequena
dentro de mim.
Concert For a White Lily
SOUND Performance
Action: Ana Montenegro
Conception: Ana Montenegro e Edgar Ulisses Filho
Musical instrument: py tagorean monochord
VERBO 2006, Vermelho Galery, São Paulo, SP

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