quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

o monstro

o monstro

tensa
mergulho no
gozo momento
sorvo as horas
embriagada pelo
sangue
em minha veia

nada digo
não quero dizer
penso de dentro
entre fumaças
respiro
todo meu
eu

escancara pelo
corpo a
consciência
vejo o antes e
depois
iludo-me
de nada ser e
nem continuar
a ser nada
o ser em mim
luta com
a monstruosidade de
nada ser

de repente o
silêncio
minha língua
viva e monstruosa
de ser o horror
me fere

serei obstruído
do real
doente
não digo
que nada significo

recuso-me a falar
mergulho e falo de
dentro das dobras
que sou feita de
carne

contra todos
os contras
enlouqueço
supero-me
com a cabeça sangrando
não escapo de
mim
enfrento-me
sou um arsenal
em um corpo
disposto.

Hilda Helena Dias

Vicent Van Gogh

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