segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

vazio de mim

vazio de mim

na minha neblina
flutuo sobre a
grande face
me canto
antes de ser pó

me fantasio de ser e
existir eternamente
quando sou nada
viro fantasma para
tocar meu
espírito

atravesso abismos ao
avesso
toco a Luz do começo
e surpreendo-me
na minha exuberância e
excessos
recrio-me seduzido

queria ser esquecida e
prisioneira
da farta nudez
que encanta

precisarem da minha carne
e tomar-me com fome
torna vago o
espírito
ser vício escuro
da Terra
clareia o
nada

amando possuímos
os ossos da profundeza obscura
no toques das
carnes
o desejo da eternidade

honro-me diante do
nada
traduzo-me para não
ser confundida

brinco com medo do
exílio que tem
todas as respostas
para me dar a luz

juntos nos nossos
vazios
a forma humana
será revelada
corpos raros
nesse tempo.

Hilda Helena Dias
Arte: Ludovic Florent








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