sábado, 2 de janeiro de 2016

partida

partida
quero você rápido
me engolindo delicadamente
deixo e não grito
incapaz de decidir
sua fome de mim
ao sentir o seu
corpo
vou sendo
tempo vivo
ninguém pode ser
extensão do outro
não sou plena
toco-te no meu medo
no teu amor...
você existe nos
meus sonhos
e te ouço
meu coração de fogo
é fonte do teu toque
lavo-me nas sombras
segredos de carne
não sabem o
limite das trevas
olho e sinto o
mundo
que não é nada
dois corpos mutilados
num vazio escuro
me arrasto só
eu e o nada
do meu nome
na tua mão
sinto a minha
enquanto morro
possuo tua carne
há amor
quero te pertencer
na alma nada entra
nenhuma palavra solta
para agarrar meu
coração
viva
afundo-me
caminho no teu
ritmo
não me interrompo
calo-me diante da
morte
nomeio ilusões.
Fotografia: Arô Ribeiro
Peça "O Conto do Cisne" com direção de Luis Luiz Eduardo Frin

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